Consumir menos em um mundo que nos instiga a comprar em demasia é um desafio.
Nosso cérebro adora novidade e se encanta facilmente.
Por isso, comprar pode ser algo viciante.
Quando o assunto é roupa, se não colocarmos filtros e limites, rapidamente estaremos com os armários cheios.
É preciso planejar as comrpas e não focar somente no desejo.
Além disso, é necessário estarmos atentas aos ínumeros detalhes que farão diferença no longo prazo: acabamento, caimento, preço…]
Assim, podemos investir em peças que nos servirão por mais tempo e valerão os recursos que investimos nelas.
A produção
Mas também precisamos levar em conta o processo de produção dessas roupas.
É ingenuidade achar que dá para ser 100% sustentável com o consumo de moda e roupas.
Pois do pequeno ao grande produtor, sempre encontraremos falhas.
Quase tudo que compramos vem da China, inclusive nas nossas amadas lojas brasileiras.
Seja um tecido, um aviamento ou adorno, não dá para escapar.
Mas não é porque vem da China que necessariamente se produziu de forma ruim.
E detalhe: roupas feitas no Brasil não são garantia de que a peça é totalmente correta.
Há inúmeras confecções clandestinas explorando os trabalhadores.
O verdadeiro valor de uma roupa
O verdadeiro valor de uma roupa não está na etiqueta, mas no trabalho manual, segundo a expert em roupas vintage, Christa Weil.
Quando apreciamos e valorizamos esse trabalho manual estamos de um certo modo sendo gratos a quem confeccionou as roupas.
O que vemos no nosso mundo globalizado é a figura desse alfaiate, da costureira que sabe desde cortar até compor a peça toda, desaparecer.
As pessoas estão deixando de lado esses detalhes, só olham a peça pronta.
É a compra sem reflexão que nos leva a consumir cada vez mais roupas baratas e ter mais, sempre mais.
O costureiro não tem mais um nome, na verdade ele nem costura a peça toda, mas parte dela.
Ele representa apenas um simples número dentro de toda uma cadeia de produção.
Muitos são explorados nas confecções para que tenhamos a prazer de pagar barato por um roupa e consumir muito, renovar constantemente o guarda-roupa.
Por isso, reduzir o consumo é urgente. Menos consumo, menos produção. Loja nenhuma vai querer peças paradas nos estoques.
A mitose das coleções
Primavera/Verão e Outono/Inverno eram as coleções clássicas que as lojas lançavam, baseando-se nas estações e contemplando roupas que realmente tivessem uma relação de significados com essas estações.
Mas o desejo ávido pelo lucro fez com essas coleções saltassem a ponto de se criarem até 15 coleções por ano dependendo dos varejistas. Isso chega a ser insano!
Não é só porque a fulana de tal vestiu um vestido lindo e publicou no Instagram que agora eu devo ter um igual.
Mas a publicidade nos faz pensar assim e cativa nossa mente para vivermos num loop infinito de consumo.
A maior parte das roupas Made in China
Muitos trabalhadores chineses são explorados até a última gota.
O sistema de governo da China permite isso.
Alguns trabalhadores possuem jornada de até 20 horas diárias para atender a alta demanda por novidades.
Os trabalhadores se resumem ao número da sua ferramenta de trabalho: a máquina de costura.
Eles não tem nome, nada representam para os grandes varejistas nessa grande cadeia de produção que a indústria da moda.
E muitas empresas que vendem aqui no Brasil e mundo afora, encomendam sua produção da China, onde é mais barato, para assim aumentarem os lucros.
É ilusão achar que comprando uma roupa nova na loja de departamento que vende uma calça por R$300 reais com o selo mais sustentável, tal peça foi produzida de forma justa.
O tecido pode até ser mais sustentável, mas quando lemos a etiqueta: made in China. É mai barato para produzir.
A roupa que o mundo inteiro quer
Se uma pessoa famosa aparece vestindo uma roupa qualquer, logo vira tendência , torna-se especial, vira algo fundamental (para algumas pessoas) de possuir.
Esse frenesi que a aparição da celebridade causa nas pessoas ativa a sede de lucro dos empresários do setor que não podem perder mais essa oportunidade de lucrar.
Quando encontram alguém “disposto” a produzir em um tempo mínimo, para aproveitar o momento, não pensam duas vezes.
Não importam as consequências, tem que estar nas prateleiras ou nas vitrines.
Eles produzem e sacrificam que for para atender os desejos de uma população “carente”? não, diria, eu, mas doente.
No livro Ecochic: o Guia de moda ética para a consumidora consciente” a autora afirma:
"Tantos os vendedores como os fabricantes sabem o que lhes permite sobreviver às demandas do varejo fast fashion: uma força de trabalho dispensável, mal paga e que trabalha por muitas horas, em países pobres."
O que fazer ao saber de tudo isso?
Primeiro: compre menos. Acredite, você não precisa de muita roupa.
Deppis, se possível, se seus ganhos permitirem, compre de comércios locais cuja produção é conhecida.
Há comércio locais que mantêm fábricas clandestinas em bairros de periferia com a fachada de uma casa bonita.
Um de meus alunos me disse uma vez: – “Você vê uma casa dessa bonita, com vidros espelhados e câmera de segurança e pensa que é uma casa, mas é uma fábrica. Eu trabalho lá. Minha carteira não é assinada.”
Outra maneira de contribuir para uma moda mais sustentável é comprar de segunda mão. Mas não se espante se encontrar roupas feitas por empresas flagradas com envolvimento em trabalho escravo nesses brechós.
Como falei é difícil escapar dessa cadeia produtiva que usa exploração.
Para saber quais empresas estão na lista negra sugiro o aplicativo Moda Livre, disponível para Android e para IOS.
Não vou dizer aqui: Não comprei roupa da China, da Shein do Ali Express… Isso é muito sensível, porque tais roupas não são baratas (nem todas são muito baratas) por causa do tipo de trabalho empregado, mas por questões tributárias.
No Brasil paga-se muito imposto em cima de cada produto. E alguns produtos que chgam das gigantes chinesas não sofrem tributação até certo valor.
Logo, para muitos é a solução para manter um armário decente pagando menos.
Há ainda a questão dos tamanhos. A maioria das lojas faz roupa para gente muito alta e magra e restronge os tamanhos.
Empresas como a Shein mantêm linhas que atendem aos mais variados biotipos, logo, vão vender.
Se precisar comprar dessas empresas, que não vire rotina.
Que seja a exceção, não a regra.
Pois assim, como as empresas brasileiras, tais marcas também terceirizam a produção. E tudo o que é terceirizado, sem a devida auditoria, sai do controle.
Compre menos e melhor
Comprar menos, esse é o primeiro passo para ser mais consciente no consumo de roupas.
Escolher bem é o segundo passo.
Se possível, opte por marcas sustentáveis, tecidos naturais, lojas locais e diminua as compras nas grandes redes de fast fashion.
Tenha o suficiente para seu estilo de vida, suas necessidade e não se prive de alguns desejos.
Viva e expresse seu estilo sem precisar agradar a ninguém, mas isso sempre com responsabilidade e consciência.
Isa diz
Ola
Eu também fico indignada com isso.Tenho percebido também que as lojas estão invadidas por aquelas roupas estranhas feiras não é mais em série é a rodo.Estas roupas (no caso de roupas) são ruins tecidos ruins mas são caras.Sinceramente e infelizmente estamos rodeados dessas porcarias.
Excelente post.
Bjs Boa semana.
Daniele Leite diz
É Isa, é muito tecido ruim, muito corante que causa alergia, preço caro e qualidade baixa. Difícil viu!
Bjuu! Ótima semana!