
Eu aprecio bastante fazer algumas reflexões filosóficas acerca da moda, do vestuário.
Porque acredito que essas reflexões têm muito poder.
Um deles, o poder de quebrar alguns padrões que nos impedem de sermos nós mesmas com mais intensidade.
Depois de receber uma pergunta lá no meu Instagram sobre o uso de botas em clima quente, veio aquele insight.
Por isso, resolvi aprofundar a discussão aqui no blog.
Roupa de frio ou roupa de calor
Eu já fui bastante questionada sobre o uso de algumas peças que não seriam “adequadas” para um clima mais quente.
Primeiro, porque moro em Fortaleza, uma cidade na qual a temperatura média, a maior parte do ano , gira em torno dos 30°.
Na mente de algumas pessoas se o lugar é quente devemos usar camiseta de alça e shortinho curto a maior parte do tempo.
Entretanto, sabemos que não é assim que as coisas funcionam na prática.
Outra coisa é que nem todo mundo aprecia a combinação shortinho com camiseta.
Segundo, as críticas vinham pelo fato de eu ter predileção por terceiras peças, e usá-las na maioria das minhas composições, mesmo morando na conhecida “Terra do Sol”.
O que eu respondia?
De antemão, eu nem deveria me preocupar em dar respostas, já que não estava a cometer nenhum delito ao me vestir à minha maneira.
Contudo, amo uma boa prosa e considero uma postura educada responder (desde que não sejam perguntas ofensivas).
Também, essa é uma ótima oportunidade para gerar empatia e fazer as pessoas enxergarem por outras lentes.
Bom, vamos às respostas que eu dava ( e ainda o faço vez ou outra):
- Eu sou magrinha, perco calor fácil e aqui em Fortaleza, a maioria dos ambientes internos possuem uma temperatura fresquinha, ainda que artificial (16°C). Os friorentos passam aperto se não levarem agasalho e forem permanecer muito tempo nesses ambientes sem se mexer muito;
- Terceira peça para mim é uma questão de afetividade e conforto emocional, uso desde a tenra infância;
- Amo camadas, embora não seja muito fã de frio(evito os extremos);
- Essa noção de conforto varia de pessoa para pessoa. Para alguns é mais confortável suportar um calorzinho e estar com uma jaquetinha, por exemplo, do que usar uma blusinha de alça;
- E a minha clássica resposta é: provavelmente vou passar calor de qualquer jeito, portanto prefiro passar calor do meu jeito.
Viver para agradar?
Até que ponto devemos deixar de usar algo que desperta em nós boas sensações, confere-nos confiança e eleva a nossa autoestima por medo de desaprovação?
Se a questão é desconforto é outra história.
Porém, o conforto pode ser relativo em algumas ocasiões e não deve ser visto apenas pelo viés físico, mas também pelo emocional.
Falei mais sobre isso no episódio #02 do meu Podcast:
Portanto, partindo desse pressuposto, aquilo que gera extremo desconforto em uma pessoa, pode ser super confortável para outra. Não podemos generalizar.
Já com relação ao uso deliberado de tudo o que nos dá vontade, algumas considerações são necessárias. Falaremos mais ao longo do post.
Roupas e personalidade
Apesar de nem toda roupa ser adequada a todo contexto, não vivemos tão presos nos dias de hoje que não possamos arriscar mais no uso de algumas composições.
Alguns espaços exigem de nós vestimentas específicas, mas em outros podemos ser mais livres.
Para os espaços que nos exigem adequações, levemos nosso respeito e trabalhemos na nossa persona.
Contudo, para os ambientes que nos conferem mais liberdade, que soltemos os grilhões da necessidade de aprovação e ousemos mais ser quem somos.
O exemplo de Carl Jung
De 1913 a 1917, Carl Jung experimentou uma guerra dentro de si.
Ele lutou para permanecer em contato com sua persona (o termo se refere à parcela aceitável da personalidade), pois tinha consciência que precisava sustentar uma vida normal, com seu trabalho e família.
Ele quase rompeu com a realidade e para se manter no mundo real, forçava-se a dizer para si mesmo:
“Tenho um diploma médico de uma universidade suíça, preciso ajudar meus pacientes, tenho
uma esposa e cinco filhos, moro na rua Seestrasse, 228, em Küsnacht” (Jung, 1961, p. 189).
“Era esse diálogo interno que mantinha os pés de Jung presos ao chão e o reassegurava de que a realidade existia” (LINDZEY & CAMPBELL, 2000).
Portanto, extravasar totalmente a sua personalidade pode não ser uma saída inteligente algumas vezes, é preciso podá-la de vez em quando. É para isso que serve o conceito de persona, para fazer essas adequações.
Isso, porque vivemos em sociedade, não podemos fazer tudo o que queremos ou vestir tudo o que achamos bonito.
Contudo, também não devemos viver reféns do medo e deixar de expressar o nosso estilo mais genuíno.
O que fazer então com esse aparente paradoxo? Vejamos mais no próximo tópico.
O equilíbrio entre ser , sentir e comunicar
O que proponho é o equilíbrio do que chamei de “As três dimensões do Estilo Pessoal”.
São elas: SER, SENTIR e COMUNICAR.
Quando equilibramos esses três aspectos o resultado é um estilo autêntico, que respeita quem você é e os demais ao seu redor.
Um estilo que não sabota a sua imagem, mas faz uso consciente da persona (comunicação) para expressá-la.
Ou seja, um estilo que mostra a sua melhor versão.
Para um estilo autêntico e pleno de propósito, equilibre essas três dimensões.
Que nenhuma produção sua seja sem personalidade ou intenção. Desenvolva seu estilo com maestria.
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