

Que mulher não gosta de comprar roupa? Nosso cérebro adora novidade e se encanta facilmente. É divertido comprar, mas não deve virar esporte.
Eu gosto de comprar, mas não gosto de comprar por comprar.
Costumo checar muitas coisas antes de investir meu rico dinheirinho numa peça nova.
Olho a composição (prefiro fibras naturais à sintéticas), vejo se foi bem costurada, se o acabamento e o corte estão legais.
Aprendi isso com minha mãe, que gosta muito de costurar.
Mas, quando compramos uma roupa nova, não estamos apenas consumindo algo que nos deixa feliz, estamos fazendo parte de toda uma cadeia de pessoas que deram vida àquela vestimenta.
Há um lado cruel na moda que quase ninguém conta! Na verdade fazem questão de abafar!
O verdadeiro valor de uma roupa

O verdadeiro valor de uma roupa não está na etiqueta, mas no trabalho manual, segundo a expert em roupas vintage, Christa Weil.
Quando apreciamos e valorizamos esse trabalho manual estamos de um certo modo sendo gratos a quem confeccionou as roupas.
O que vemos no nosso mundo globalizado é a figura desse alfaiate, da costureira que sabe desde cortar até compor a peça toda, desaparecer.
As pessoas estão deixando de lado esses detalhes, só olham a peça pronta. É a compra sem reflexão que nos leva a consumir cada vez mais roupas baratas e ter mais, sempre mais.
O costureiro não tem mais um nome, na verdade ele nem costura a peça toda, mas parte dela.
Ele representa apenas um simples número dentro de toda uma cadeia de produção.
Muitos são explorados nas confecções para que tenhamos a prazer de pagar barato por um roupa e consumir muito, renovar constantemente o guarda-roupa.
O custo da moda barata
A moda barata tem um preço e vem com um custo muito maior do que o que pagamos pela etiqueta.
Ela custa o trabalho suado , muitas vezes análogo à escravidão de muitos trabalhadores mundo afora.
Ela custa também a vida, porque não são poucos os acidentes de trabalho envolvendo tanto a produção quanto as instalações precárias que por falta de supervisão e controle desabam matando trabalhadores em países de terceiro mundo.
São nesses países que os gigantes da indústria da moda instalam suas fábricas para lucrarem vertiginosamente.
A mitose das coleções
Primavera/Verão e Outono/Inverno eram as coleções clássicas que as lojas lançavam, baseando-se nas estações e contemplando roupas que realmente tivessem uma relação de significados com essas estações.
Mas o desejo ávido pelo lucro fez com essas coleções saltassem a ponto de se criarem até 15 coleções por ano dependendo dos varejistas. Isso chega a ser insano!
Não é só porque a fulana de tal vestiu um vestido lindo e publicou no Instagram que agora eu devo ter um igual.
Mas a publicidade nos faz pensar assim e cativa nossa mente para vivermos num loop infinito de consumo.
A verdade sobre a maior parte das roupas Made in China

Alguns (senão todos) trabalhadores chineses são explorados até a última gota.
Quem recebe menos nessa cadeia toda é o trabalhador e na China eles chegam ao ponto de trabalhar cerca de 20 horas diárias para atender a demando insaciável dos clientes ocidentais por lucro e a dos consumidores por roupa barata.
É a escravidão moderna, vestida de trabalho remunerado.
Os trabalhadores se resumem ao número da sua ferramenta de trabalho: a máquina de costura.
Eles não tem nome, nada representam para os grandes varejistas nessa grande cadeia de produção que a indústria da moda.
A roupa que o mundo inteiro quer
Se uma pessoa famosa aparece vestindo uma roupa qualquer, logo vira tendência , torna-se especial, vira algo fundamental (para algumas pessoas) de possuir.
Esse frenesi que a aparição da celebridade causa nas pessoas ativa a sede de lucro dos empresários do setor que não podem perder mais essa oportunidade de lucrar.
Quando encontram alguém “disposto” a produzir em um tempo mínimo, para aproveitar o momento, não pensam duas vezes.
Não importam as consequências, tem que estar nas prateleiras ou nas vitrines.
Eles produzem e sacrificam que for para atender os desejos de uma população “carente”? não, diria, eu, mas doente.
No livro Ecochic: o Guia de moda ética para a consumidora consciente” a autora afirma:
"Tantos os vendedores como os fabricantes sabem o que lhes permite sobreviver às demandas do varejo fast fashion: uma força de trabalho dispensável, mal paga e que trabalha por muitas horas, em países pobres."
O que fazer ao saber de tudo isso?

Optar, sempre que possível, em comprar de empresas que respeitam os trabalhadores, que pagamos salários decentes e respeitam os direitos trabalhistas.
Tentar comprar de um pequeno empreendedor ou produtor é um bom começo. Visitar mais a costureira do bairro também.
Outra maneira de contribuir para uma moda mais sustentável é evitar comprar de empresas envolvidas com trabalho escravo.
Para saber quais empresas estão na lista negra sugiro o aplicativo Moda Livre, disponível para Android e para IOS.
Ainda há outro modo de ser mais sustentável quando o assunto é moda: consumir menos. afinal, não precisamos de tanta coisa assim, não é mesmo?
Não é só porque é barato que é legal. Essas peças super baratas que encontramos por aí têm um valor que dinheiro nenhum pode pagar: a vida de milhares de pessoas sendo tratada como pouca coisa.
Sou a favor de um crescimento da indústria da moda que seja sustentável, ético, que se preocupe com as pessoas.
Eu acredito que isso possa ser real e fico muito feliz com iniciativas como o Fashion Revolution, por exemplo, que dissemina esse conceito ao redor do mundo.
Se você quiser saber mais sobre moda consciente, sugiro a leitura do livro EcoChic, de Matilda Lee.
Palavra do dia: Aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado. Tiago 4:17
Ola
Eu também fico indignada com isso.Tenho percebido também que as lojas estão invadidas por aquelas roupas estranhas feiras não é mais em série é a rodo.Estas roupas (no caso de roupas) são ruins tecidos ruins mas são caras.Sinceramente e infelizmente estamos rodeados dessas porcarias.
Excelente post.
Bjs Boa semana.
É Isa, é muito tecido ruim, muito corante que causa alergia, preço caro e qualidade baixa. Difícil viu!
Bjuu! Ótima semana!