
Em nossa sociedade de consumo somos levados a crer que a moda gira em torno de tendências.
Toda semana um novo hit disputa nossa atenção e, consequentemente, nosso bolso.
Se formos querer tudo, nossos guarda-roupas serão uma bagunça.
A ideia de que a moda gira exclusivamente em torno de tendências é uma simplificação que ignora a complexidade cultural, histórica e individual por trás das escolhas de nossas roupas.
Aqui estão alguns motivos pelos quais não podemos resumir moda a um conjunto de predisposições que, muitas vezes, é apenas criado para vender:
1. A moda como expressão cultural e identitária
A moda frequentemente reflete valores sociais, políticos e culturais, indo além do efêmero. Por exemplo:
Trajes tradicionais (como o kimono japonês ou o sari indiano) mantêm-se relevantes por séculos, vinculados a identidades e histórias, não a ciclos sazonais.
2. A individualidade sobrepõe-se às tendências
Nem todos seguem a moda como regra, mas sabem aproveitar quando certa tendência se afina com seu estilo pessoal para garantir as peças que mais amam usar ou querem usar.

3. Sustentabilidade e crítica ao consumo
Com o crescimento da conscientização ambiental, movimentos como o slow fashion e o upcycling questionam a obsolescência programada das tendências.
Logo, peças atemporais e duráveis ganham espaço, mostrando que a moda pode ser sobre permanência, não descarte.
4. A moda como ferramenta política
Roupas são usadas para comunicar mensagens subversivas ou de pertencimento.
Por exemplo: O uso de cores específicas em protestos ou a rejeição de padrões de gênero através de roupas andróginas, ou não binárias.
5. A influência da economia e da acessibilidade
Nem todos têm acesso ou interesse em seguir tendências. Em muitas comunidades, a moda é ditada por necessidade prática, clima ou recursos locais, não por influências globais.
6. A moda como arte e inovação
Designers independentes e marcas conceituais muitas vezes priorizam a experimentação técnica ou estética em vez de seguir tendências.
Exemplos incluem estilistas como Iris van Herpen (que mistura tecnologia e biologia em suas criações) ou Rei Kawakubo (da Comme des Garçons), cujo trabalho desafia noções de beleza padronizada.
Conclusão
Embora a indústria da moda venda a ideia de tendências para impulsionar o consumo, a relação das pessoas com a roupa é muito mais profunda.
Pois a moda é um diálogo entre tradição e inovação, entre o individual e o coletivo, e muitas vezes serve como espelho de transformações sociais — algo que transcende a temporalidade das “tendências”.
Portanto, reduzir a moda a um ciclo de novidades efêmeras é ignorar seu papel como linguagem humana complexa e multifacetada.

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